31 de agosto de 2011 Sem categoria

Produtividade de juiz cai em 2010.

Os dados fazem parte do relatório Justiça em Números, apresentado na manhã de ontem pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O estudo também mostra que, no ano passado, foram solucionados 25,4 milhões de casos nas esferas estadual, federal e trabalhista.

Ao mesmo tempo, o número de novas ações judiciais diminuiu no país, surpreendendo alguns especialistas. Em 2010, foram apresentados 24,2 milhões de processos no Judiciário – um milhão a menos que em 2009. O resultado contraria previsões segundo as quais o crescimento econômico e o aumento da classe média gerariam um incremento na procura dos tribunais. Foi a primeira vez, desde 2004, que a quantidade de processos novos diminuiu. Os responsáveis pelos estudos afirmaram que ainda é preciso estudar as causas dessa redução.

Apesar da queda na litigiosidade no ano passado, o total de casos em tramitação no Judiciário aumentou em 500 mil – passou de 82,9 milhões, em 2009, para 83,4 milhões no ano seguinte. O motivo foi um aumento nos casos pendentes de decisão.

O dado reflete a diminuição da produtividade média dos juízes. Cada magistrado julgou em média 1.318 processos no ano passado – 7% a menos que em 2009. A Justiça Estadual registrou queda de 11% no número de processos julgados, e a Justiça Federal, de 6%. Já na Justiça do Trabalho ocorreu um movimento inverso, com aumento de 8% na quantidade média de decisões por magistrado.

O relatório do CNJ também mostra que o maior gargalo do Judiciário continua nas execuções fiscais, com uma taxa de congestionamento de 91% no primeiro grau – ou seja, para cada 100 processos em tramitação em um período de 12 meses, apenas nove são concluídos. O dado ganha ainda mais relevância na Justiça Estadual, onde 43% dos processos em tramitação eram de execução fiscal.

“Com certeza, há um déficit muito grande em relação às demandas da sociedade e a capacidade do Judiciário de responder a elas”, declarou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministro Cezar Peluso. Ele afirmou que as estatísticas são “um primeiro passo”, para depois estudar o que há por trás dos números, saber o que representam e buscar soluções. Peluso sugeriu que o Judiciário poderia ser aliviado pela criação de mecanismos prévios de solução de conflitos pela via administrativa.

O ministro também mencionou que alguns processos custam mais caro ao Estado que o valor discutido pelas partes. Citou como exemplo execuções fiscais apresentadas por organismos profissionais, que, de acordo com ele, “ocupam o Judiciário com um número elevadíssimo de demandas para cobrar taxas de pagamento com valores baixos.” Peluso detalhou a situação: “Para cobrar R$ 1,5 mil, provocam uma despesa do Judiciário de R$ 4,5 mil.”

O relatório do CNJ também mostra que, em 2010, havia no país um total de 16.804 magistrados na Justiça Estadual, Federal e do Trabalho – nove para cada 100 mil habitantes. Segundo o conselheiro do CNJ José Guilherme Vasi Werner, que apresentou as estatísticas, esse número deveria ser maior. “O Brasil está um pouco defasado no número de magistrados em relação a outros países”, disse.

O Judiciário representou um custo de R$ 41 bilhões aos cofres públicos em 2010, valor equivalente a 1,12% do PIB.


Maíra Magro – De Brasília


Deixe uma resposta