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Previdência aberta ganha tábua brasileira.

Pela primeira vez os seguros de vida e previdência comercializados no país levarão em conta a expectativa de vida dos brasileiros. Por mais estranho que pareça, até hoje esses produtos eram baseados em dados da população americana. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Fenaprevi, entidade que reúne as seguradoras que operam nos ramos de vida e previdência aberta, vão anunciar hoje a adoção da primeira tábua biométrica desenvolvida especialmente para o Brasil. A tábua biométrica é um cálculo que aponta a expectativa de vida e mortalidade de uma população.

Resultado de dois anos de trabalho encomendado pelas seguradoras ao Departamento de Matemática Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a nova tábua vai substituir a americana AT 2000, última versão da série AT que sempre foi utilizada no Brasil já que nunca houve um indicador nacional antes.

“Foi feito um estudo radiográfico, levantando todas as variáveis demográficas e sociais em todas as regiões do país”, explicou o titular da Susep, Armando Vergílio, frisando que os dados poderão ser atualizados com mais freqüência do que hoje com as ATs. Segundo ele, a tábua terá impacto principalmente sobre os planos de previdência, que são de longo prazo e implicam um risco de sobrevida dos segurados para as seguradoras, ou seja, que os valores pagos pelo segurado na formação do capital visando a aposentadoria não sejam suficientes para pagar os benefícios contratados.

No sistema atuarial, pelo qual os planos de previdência são calculados, a partir de uma estimativa de período durante o qual uma pessoa vai receber os benefícios depois que se aposentar, as seguradoras têm que calcular o valor dos benefícios e também das mensalidades que serão pagas pelo cliente para formar a reserva. Para isso usam as tábuas biométricas. Mas se as pessoas sobrevivem mais tempo que o estimado, a seguradora faz uma reserva adicional para garantir o pagamento dos benefícios. Daí o risco de se utilizar tabelas defasadas em relação à realidade da população.

“Esse risco tem um custo que é repassado aos planos”, explicou o titular da Susep. Segundo ele, a nova tabela permitirá uma maior precisão nos cálculos, evitando riscos financeiros e jurídicos e reduzindo os custos dos planos ao consumidor final. A tendência, diz Vergílio, é que, com a adoção da nova tábua por todas as seguradoras, o seguro de vida e previdência no Brasil fique mais acessível à população de baixa renda. No entanto, nada muda para quem já tem planos de previdência, o impacto maior será sobre os planos vendidos de agora em diante.

Armando Vergílio explicou que a nova tábua foi elaborada com base em dados dos anos 2001 a 2006 fornecidos aos especialistas da UFRJ pelas seguradoras e pela Susep. A população analisada é composta de um grupo de 32 milhões de brasileiros de todas as regiões do país, a maioria do sexo masculino (19 milhões), que corresponde ao perfil da população consumidora de seguros de vida e previdência.

Para se ter uma ideia da diferença estatística entre a AT 2000 e a tábua desenvolvida pela UFRJ, a expectativa de vida apontada na AT para os homens é de 69 anos em média comparado a 82 anos da expectativa do público que compra seguros no Brasil. É diferente também da expectativa de vida do brasileiro médio, apontada pelo IBGE, que é de 75 anos.

Fonte: Valor

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