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Multas começam hoje e maioria dos motoristas ainda desrespeita pedestre.

A notícia é ainda pior quando se leva em conta que o índice piorou neste levantamento, o último de três feitos pela CET em quatro cruzamentos da região central de São Paulo desde o início do ano. São eles: Rua Haddock Lobo com Luís Coelho; Rua Álvaro de Carvalho com João Adolfo e Alfredo Gagliotti; Rua Quintino Bocaiuva com Riachuelo e Rua Dona Maria Paula com Rua Francisca Miquelina.

A primeira pesquisa foi feita antes das campanhas educativas, que começaram em 11 de maio, e mostrou que 89,6% dos motoristas desrespeitavam os pedestres. O índice caiu um pouco após a chegada dos “mãozinhas” às ruas (86,1%) – orientadores que usam um cabo com o formato de uma mão na ponta, indicando que os motoristas devem parar para os pedestres.

Mas agora, às vésperas do início da fiscalização, o desrespeito aumentou. “É grande a quantidade de pessoas que já sabe que precisa dar a preferência ao pedestre. Mas enquanto não vier a fiscalização, a aplicação mais forte de multas, os motoristas não vão aderir. É mais ou menos o que aconteceu com o cinto de segurança e o rodízio”, diz a superintendente de educação e segurança da CET, Nancy Schneider.

O maior índice de desrespeito, 92,9%, foi registrado no cruzamento formado pelas Ruas Álvaro de Carvalho, João Adolfo e Alfredo Gagliotti. O dado chama a atenção porque foi justo nesse local que havia ocorrido a maior redução no levantamento após o início da campanha (queda de 90,2% para 70,7%), um indício de que os motoristas estariam mais conscientes.

Os pedestres também sofrem no cruzamento da Haddock Lobo com a Rua Luís Coelho, na região da Avenida Paulista. Nos três levantamentos, o índice de desrespeito esteve acima de 90% (o último fechou com 92,6%). E ali há semáforos que indicam aos motoristas quando parar e esperar os pedestres.

Mesmo assim, a reportagem do Estado flagrou na tarde de sexta-feira veículos avançando sobre a faixa até mesmo quando o semáforo estava vermelho. “Se houve diferença no comportamento (dos motoristas), eu não percebi. As motos ainda vêm para cima da gente e precisamos parar, mesmo que o semáforo esteja aberto”, disse a analista de marketing Ana Cláudia Fernandes, de 33 anos.

O desrespeito continua na Quintino Bocaiuva com a Riachuelo (90,1%) e caiu apenas no cruzamento da Rua Dona Maria Paula com a Francisca Miquelina (queda de 90,4% para 83,8%). No discurso, os motoristas seguem com um comportamento exemplar: 92,8% dos entrevistados dizem que dão a preferência aos pedestres na travessia.

Seta. A pesquisa apontou que quatro em cada dez veículos não dão a seta ao fazer uma conversão, principalmente para indicar aos pedestres o movimento. O índice ficou estável em todos os trabalhos. O menor índice de desrespeito foi registrado no cruzamento das Ruas Dona Maria Paula e Francisca Miquelina (com 6,7% do total não sinalizando). Na outra ponta, está a Rua Riachuelo, em que 66,9% dos motoristas deixaram de dar a seta.

A CET analisou o comportamento de 3.575 veículos em quatro dias: 971 em relação ao desrespeito à faixa e 2.604 sobre deixar ou não de dar a seta nos cruzamentos. Foram entrevistados 403 motoristas e 402 pedestres.

PONTOS-CHAVE

São Paulo adota modelo de Brasília

Mortes no trânsito

A Prefeitura criou as zonas de proteção ao pedestre após estatísticas mostrarem que a cada quatro mortos no trânsito paulistano, dois eram pessoas a pé.

Campanha

No primeiro mês, houve redução de 69% dos atropelamentos em 35 cruzamentos críticos. Foram registrados quatro acidentes ante 13 no mesmo período de 2010.

Inspiração

O modelo paulistano é inspirado em Brasília, que lançou programa igual há 14 anos. Hoje, boa parte dos motoristas já para ao ver um pedestre na faixa.


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