E os golpes também podem atingir quem precisa de auxílio-doença e de outros benefícios.
Maria Aparecida Moraes, de 58 anos, aposentada por problemas de saúde, recebe salário mínimo.
Maria: É humilde minha vida, simples.
Jornal Nacional: Dinheiro é sempre contado?
Maria: Contadinho, contadinho.
Ela é uma das vítimas de um golpe que funciona assim: advogados criam associações e prometem lutar pelos direitos dos aposentados, como auxílios e empréstimos. Quem se associa paga por mês 1% do valor da aposentadoria, também dá uma procuração para que entidade entre com ações na Justiça. Quando os benefícios são pagos pela previdência, o advogado saca o dinheiro, mas o aposentado não recebe nada.
Dona Maria soube que ganhou na Justiça R$ 5 mil do INSS. “Nunca caiu nem um centavo na minha conta”, conta a aposentada,
A mesma associação de aposentados e pensionistas que funciona no centro de Brasília tentou dar o golpe em outra aposentada, mas ela desconfiou da fraude, procurou a polícia, a OAB e o Ministério Público. Só depois disso, ela recebeu os R$ 17 mil que tinha direito. “Se eu não fosse atrás eu ia ser mais uma vítima dele”, afirma.
A associação é comandada pelo advogado Frederico Araújo, que atua no Rio Grande do Norte,Goiás, Paraná, Amazonas e no Distrito Federal. Frederico é alvo de 57 representações na Ordem dos Advogados do Brasil. Essa semana, foi afastado por 90 dias pela gravidade das denúncias e pode perder o direito de advogar.
“Uma minoria que tem uma conduta sem ética deve ser punida exemplarmente e assim é feito no âmbito da OAB”, defende o presidente da OAB, Marcus Vinícius Coelho.
O advogado Frederico Araújo também é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal. Só este ano, já são mais de 40 denúncias. Ele já está indiciado por apropriação indevida. O caso também chegou ao Ministério Público, que identificou outras três associações que aplicam o mesmo golpe.
Para atrair as vítimas, elas enviam cartas que prometem aumento de até R$ 2 mil no valor da aposentadoria e também recebimento de benefícios atrasados. A promotora Sandra de Oliveira Julião dá um alerta para quem receber esse tipo de carta. “Eu sugiro que procure a Defensoria Pública, procure um órgão de defesa dos direitos dos idosos para comprovar se esses benefícios são corretos, se a prestação do serviço é adequada e se aquele órgão de defesa dos idosos não pode fazer isso sem que o idoso precise gastar ou se associar para obter esse benefício”, diz a promotora.
O advogado de Frederico Araújo diz que o cliente dele atrasou alguns pagamentos porque passou por problemas pessoais, mas é inocente. E disse que todos vão receber aquilo a que têm direito.