Um exemplo foram as mudanças nas regras para concessão de benefícios como pensão por morte e auxílio-doença. Nesse contexto, planejar as finanças se torna ainda mais necessário para garantir um futuro tranquilo.
As opções de aplicações são diversas e cabe ao interessado escolher a que mais combina com o seu perfil. Para Ruy Quintans, professor de Finanças do Ibmec, o primeiro passo é cultivar o hábito da poupança. “A previdência privada precisa de tempo e dinheiro. Então quanto mais cedo começar a economizar, melhor”, avalia o especialista.
É o caso do propagandista Matheus Lima, 40 anos, que tem um plano de previdência privada pela empresa, mas também investe em fundos de renda fixa a longo prazo e na poupança. “Já estou investindo há algum tempo. Também quero comprar dólares, mas no momento atual, sem chances”, diz.
Gerente de produtos e inteligência de mercado da seguradora Mongeral Aegon, Marcus Marinho explica que, no momento inicial, o ideal é aplicar na caderneta de poupança, até acumular uma quantia mais alta, que permita migrar para investimentos mais rentáveis.
“O produto tem que estar de acordo com a necessidade. É preciso avaliar se é uma aplicação de curto, médio ou longo prazos. Falando de previdência, PGBL e VGBL são as melhores opções para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por pelo menos cinco anos. Mas se a pessoa está prestes a se aposentar e vai precisar sacar aquele dinheiro em menos de cinco anos, é melhor optar por fundos de investimento ou títulos do Tesouro”, explica Marinho.
Segundo o executivo, no PGBL e no VGBL, o ganho financeiro não é tributável e há a possibilidade de mudar o investimento de instituição financeira, caso sejam encontradas condições melhores. Além disso, a rentabilidade tende a ser mais alta que a da poupança.
Já Ruy Quintans aconselha que se dividam os recursos em três tipos de aplicações: muito segura (poupança ou Tesouro), intermediária (CDI, dólar, fundos multimercado) e especulativa (ações). “O Tesouro é um recurso muito interessante, pois os títulos são considerados o risco mais baixo. Além disso, rendem o equivalente à Selic ao ano. Essa taxa sobe e desce ao sabor da economia e do Copom, mas certamente sempre ganhará da inflação. Então é uma aplicação muito vantajosa”, explica o professor.
Crianças devem aprender a economizar desde cedo
O professor de Educação Física André Luiz Pais Pires, 34 anos, ainda não fez um plano de previdência privada para ele, mas já começou a investir no futuro dos filhos, de dois e cinco anos. “Hoje não dá para depender só da Previdência Social, mas eu quero continuar trabalhando depois que me aposentar. Pensei em ajudar meus filhos primeiro. Então fiz um seguro de vida para mim e um PGBL para eles”, explica.
Porém, Marcus Marinho da Mongeral aconselha que não se pense no futuro dos filhos antes de organizar a própria vida financeira. “Se não as pessoas acabam usando esse recurso para necessidades próprias quando a situação aperta”, diz.
Para Ruy Quintans, é preciso ensinar às crianças conceitos de educação financeira desde cedo. “A quantidade de adultos hoje ignorantes no assunto é imensa. Precisamos mudar isso, para que as no futuro a sociedade tenha um maior controle sobre suas finanças”, avalia.
Previdência passará por ajustes para se tornar mais sustentável
No início do ano, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, negou a possibilidade de quebra do instituto, mas admitiu a necessidade de fazer ajustes de acordo com a evolução demográfica. “Precisamos que a Previdência seja mais justa e sustentável”, disse ele, após a cerimônia de transmissão do cargo.
Gerente de produtos e inteligência de mercado da Mongeral Aegon, Marcus Marinho explica que a tendência, em todos os países, é que as regras para aposentadoria sejam cada vez mais rígidas. “Atualmente, o número de pessoas trabalhando no Brasil começa a ser igual ao número de aposentados, o que cria um problema para as contas da Previdência. Não é a toa que o governo está fazendo ajustes”, avalia o especialista.
Segundo ele, contar apenas com o INSS é não se precaver. “As pessoas querem consumir, ter uma vida confortável. E a Previdência vai apenas garantir o básico”, aponta.
Ruy Quintans, professor de Finanças, ressalta que o INSS é uma instituição confiável. No entanto, tem ganhos limitados. “Existe um teto, e a pessoa não vai ganhar mais do que aquilo. Se quer mais, tem que ter complementar”, diz.
SAIBA MAIS SOBRE CADA TIPO DE INVESTIMENTO
1. Qual a diferença entre PGBL e VGBL?
Os dois são planos de acumulação, mas a diferença principal está na forma de tributação. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é um plano de previdência com vantagens para quem faz a declaração completa do imposto de renda. As contribuições são dedutíveis até o limite de 12% da renda bruta anual do cliente. Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), apesar de também ser tratado como plano de acumulação, tem a diferença de ser um seguro de vida com cobertura de sobrevivência. Ele é ideal para quem não pode optar pela dedução fiscal uma vez que faz a declaração simplificada do IR ou já atingiu o teto no PGBL.
2. Existe um valor mínimo para investir em previdência privada?
O investimento mínimo varia de acordo com cada instituição financeira. Mas de um modo geral, é possível iniciar o investimento na previdência privada com uma contribuição a partir de R$ 100 mensais. “O mais importante é começar a juntar, mesmo que seja um valor baixo”, diz Marcus Marinho, gerente de produtos e inteligência de mercado da Mongeral Aegon.
3. Posso resgatar o dinheiro do meu plano quando eu quiser?
Sim. A previdência privada não serve apenas para aposentadoria. Ele pode ser uma ótima modalidade de aplicação para quem quer fazer um investimento de médio e longo prazos. É possível resgatar o dinheiro investido a qualquer momento. Porém, assim que o cliente contrata o plano, ele tem que aguardar 60 dias para realizar qualquer tipo de resgate ou portabilidade. É muito importante ainda ficar atento, na hora da contratação, ao regime do Imposto de Renda do plano escolhido — se regressivo ou progressivo.
4. Qual a diferença entre o Imposto de Renda regressivo ou progressivo para o investimento na previdência privada?
Se a tabela for progressiva, o IR é definido sobre o valor da renda – que reflete o imposto de acordo com a faixa de renda do contribuinte (de 0% a 27,5%) – ou do resgate – que possui uma taxa fixa de 15%, a título de antecipação para ajuste na declaração do IR. Se a opção for a tabela regressiva, a alíquota do IR é definida de acordo com o tempo de permanência de cada contribuição (de 35% a 10%). Logo, quanto mais tempo mantiver este investimento, menor será o imposto de renda pago.
5. Como eu faço para investir na previdência privada?
É possível aplicar em PGBL e VGBL tanto por meio de bancos, quanto por meio de seguradoras. Normalmente, os bancos cobram taxas mais altas. Vale lembrar também que quanto maior for o investimento inicial, menores são as taxas cobradas.
6. Se eu parar de aplicar na previdência privada, o dinheiro que já investi continua rendendo?
A previdência privada possui várias vantagens. Caso o cliente pare de investir, a reserva formada até aquele momento continuará rendendo até o momento do resgate do plano. A única “perda” de dinheiro que existe é na hora em que o cliente vai realizar o resgate do valor investido, sobre o qual irão recair o imposto de renda e a taxa de carregamento. Isto se não for possível manter o plano por prazos mais longos, quando, em geral, as chamadas penalidades de saída são zeradas.
7. Que outras aplicações posso fazer para guardar dinheiro para aposentadoria?
Se o perfil do investidor é conservador, o ideal é aplicar na poupança ou no Tesouro. No segundo caso, os rendimentos são mais altos, pois o cálculo é feito com base na taxa Selic, que atualmente está em 12,75% ao ano. Já para investidores com perfil mais arrojado, fundos multimercado ou Certificados de Depósito Interbancário (CDI) podem ser boas opções. O futuro investidor pode buscar mais informações nos bancos ou em corretoras.
8. E investir na Bolsa de Valores? É uma opção para quem pensa na aposentadoria?
A Bolsa de Valores é uma opção para quem está disposto a correr certos riscos. A forma mais saudável é aplicar os recursos em setores estáveis e comprar regularmente essas ações, independentemente de estarem em alta ou em baixa. Porém, quando se aproximar a data da aposentadoria, o investidor deve vender as ações e aplicar em um investimento seguro, como a poupança. “Cada ação da bolsa tem um perfil de risco, associado ao mercado, gestão, etc. A Petrobras até dois anos atrás era um investimento absolutamente seguro. A Vale também já teve essa posição. O Banco do Brasil hoje tem essa posição. Mas é um jogo como qualquer outro. As empresas mais arriscadas geralmente são aquelas que estão começando, em mercados competitivos, como empresa de computadores”, avalia Ruy Quintans, professor de Finanças da pós-graduação do Ibmec.
9. Com quantos anos eu devo começar a me preocupar com a aposentadoria?
Quanto mais cedo a pessoa começa a juntar dinheiro, melhor. O ideal é que o jovem inicie uma poupança logo que começa a trabalhar. Assim, terá recursos para fazer investimentos maiores no futuro.
10. É melhor ter aplicações de risco ou conservadoras?
Risco indica volatilidade, é algo imprevisível.</MC>Normalmente as opções mais seguras te dão rentabilidade baixa, mas garantida. Já as aplicações de risco têm maior rentabilidade. O melhor é dividir os recursos entre investimentos conservadores (ideais para longo prazo) e especulativos (para curso prazo)