“Não se combate crime organizado com corrupção policial. Temos de ter corregedorias que punam com rigor policiais que se desviam”, afirmou Cardozo à Folha.
“Existem boas corregedorias, não quero generalizar, mas infelizmente o nível de corrupção ainda é alto.”
O ministério diz que é preciso atacar o narcotráfico, o contrabando de armas nas fronteiras e reforçar investigações internas dentro da própria polícia.
Ele citou operações federais recentes que desvendaram esquemas de corrupção envolvendo policiais, entre eles uma megaoperação feita na capital do Rio de Janeiro.
Há mais de cem dias no cargo, Cardozo quer implantar um sistema unificado de dados para monitorar a criminalidade no Brasil, um dos principais gargalos dentro da administração.
INFORMAÇÃO
Os dados disponíveis são de 2008, e integram o Mapa da Violência divulgado pelo governo em fevereiro.
“Com três anos de defasagem, não se sabe o que está acontecendo, se a criminalidade subiu ou caiu”, disse.
Ele antecipou na entrevista à Folha que negocia uma proposta legislativa para obrigar Estados, dentro de uma base comum de informações, a notificar com rapidez o governo federal sobre as ocorrências de crimes.
Para ele, um diagnóstico ruim induz uma política de segurança imprecisa e uma distribuição “míope” de recursos públicos.
“Infelizmente, ainda somos reativos e intuitivos no combate à criminalidade. Preciso de dados para saber como orientar minha política de segurança. Ter um sistema de informação é chave.”
No Brasil, dependendo do Estado, uma ação com mais de cem homicídios, por exemplo, pode ser registrada como uma única ocorrência.
Cardozo afirma que, em quatro anos, é possível evoluir muito nesse sentido, assim como é fundamental a integração das polícias no território nacional.
A tarefa, argumenta, não é fácil: envolve mais recursos, novos equipamentos, treinamento e uma solução para a hierarquia das corporações.
Ele cita o caso de Pernambuco, onde o governo local conseguiu reduzir seus índices de homicídios após ação integrada de polícias, juízes, procuradores e do próprio governo do Estado.
“Lá, a redução foi superior ao “Tolerância Zero” de Nova York. Mas como foi de dois anos pra cá, isso não está no Mapa da Violência”, explicou o ministro.
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA