Se quiser manter o padrão de vida, ou chegar o mais perto dele possível, será preciso complementar o benefício recebido por mês. E uma das alternativas está na previdência privada.
Hoje, o teto da aposentadoria está em R$ 4.159, ou seja, ninguém ganha da Previdência benefício de maior valor que este. Para receber esse montante, porém, é necessário contribuir com as maiores quantias mensais permitidas, hoje de R$ 457,49 – esse valor é pago por profissionais com registro em carteira que recebem salários a partir de R$ 4.159. Devido ao valor limitado ao teto, quem ganha R$ 4.159 ou R$ 40 mil, contribui com o mesmo tanto e recebe a mesma quantia.
Para se ter ideia do quão difícil é se aposentar pelo teto, no Grande ABC, cujas cidades possuem umas das maiores rendas per captas do País, os benefícios têm valor médio de R$ 1.404,41, conforme o INSS.
Isso também ocorre porque o valor mais alto do benefício não tem o mesmo reajuste do piso, equivalente ao salário-mínimo, hoje em R$ 678. Valores de aposentadoria acima do piso foram corrigidos no início do ano em 6,2%, conforme a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). O mínimo, e o piso, por sua vez, foram encorpados em 9%.
Desde 1999, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso introduziu reforma na Previdência Social com o intuito de reduzir o deficit público, o trabalhador começou a sentir mais dificuldades para se aposentar. Com a instituição do fator previdenciário, foi estipulada idade mínima para se aposentar por tempo de contribuição: 48 anos para mulheres e 53 anos para os homens. E o valor diminuiu por não mais considerar como base os últimos 36 salários, mas uma média de 80% dos maiores rendimentos, ao descartar os 20% menores.
FAÇA AS CONTAS – O quanto antes começar a investir para complementar a aposentadoria, melhor. O planejador financeiro Silvio Paixão alerta que é preciso que o investimento renda acima da inflação, senão não compensa, já que o dragão corrói os ganhos.
Se o trabalhador da região se aposentar com média de valores semelhante à de hoje, e quiser ter, ao pendurar as chuteiras, renda em torno de R$ 3.000, ele precisará traçar um plano que lhe dê mais R$ 1.500 mensais.
Considerando que ele se aposente aos 65 anos e queira ter essa renda por mais 25, até os 90 anos, é necessário contribuir com R$ 3.062 por mês se tiver 55 anos – ele terá apenas dez anos para formar suas reservas. Caso a pessoa tenha 25 anos, no entanto, o valor mensal cai para R$ 1.130, já que terá 40 anos pela frente.
PGBL só pode para quem é segurado
Quem estiver pensando em investir em previdência privada para complementar sua aposentadoria deve, antes de escolher seu plano, se atentar a alguns detalhes.
Se o profissional tiver registro em carteira e fizer a declaração do Imposto de Renda pelo modelo completo, o ideal é o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). O Fisco permite a dedução de até 12% do valor aportado no plano no ano.
O planejador financeiro Silvio Paixão alerta, entretanto, que é vantajoso quando o contribuinte tem imposto a pagar ou a restituir. “São requisitos primordiais para a modalidade ter renda tributável, como salários ou aluguel, e ser segurado do INSS”, afirma.
Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem é autônomo, ou trabalha sem registro em carteira, e opta pela declaração simplificada. “O VGBL é um clone melhorado dos fundos de investimento, sem os come-cotas semestrais. É importante pesquisar para conseguir uma taxa de administração baixa.”
O investidor precisa definir também se ele vai querer sacar o valor de uma só vez ou se vai escolher o pagamento sob a forma de renda, que pode ser temporária (com prazo determinado, como por 25 anos) ou vitalícia (que em caso de morte segue pagando o benefício pelo prazo combinado ao dependente).