E a aposentadoria deve estar entre os temas colocados em discussão. Isso pode garantir que os jovens aprendam, desde cedo, sobre a importância do planejamento para o futuro.
Segundo o consultor financeiro Pedro Luiz Barbarini, que atua há mais de 30 anos em instituições de grande porte na região de Indaiatuba (SP), os pais devem dar aos filhos a oportunidade de participar das conversas familiares. Com essa rotina, as crianças e adolescentes estarão mais bem preparados para os desafios que encontrarão fora de casa.
“Posso falar, por exemplo, da minha filha, que hoje é adulta e gerencia bem seu orçamento em função dos conselhos e conversas que sempre tivemos”, afirma Barbarini. O consultor conta que a filha passou a ser orientada em relação a questões financeiras logo que começou a ir à escola. “Dessa forma, ela passou a conhecer o que é o dinheiro, custos, e aprendeu a dar valor às coisas”, complementa.
Qual o momento certo?
Para Barbarini, a aposentadoria deve ser discutida com os filhos logo no início da faculdade ou na chegada ao mercado de trabalho. Com esse grau de maturidade, já é possível vislumbrar o futuro. Também é uma boa época para planejar e garantir o futuro.
“Esse é um assunto que não adianta ser falado muito cedo. Quando os filhos têm até uns dez ou 15 anos, as informações podem não ser assimiladas corretamente. É preciso realizar um processo, apresentando primeiramente as coisas mais simples ligadas à vida financeira”, afirma o consultor.
Influência familiar
A psicoterapeuta Ana Gabriela Andriani, que atende famílias e casais, afirma que pensar em previdência é pensar em futuro e segurança. Para ela, pais e mães que têm um pensamento focado no futuro influenciam positivamente os filhos. Entretanto, aqueles que vivem apenas o hoje, com gastos desnecessários e sem planejamento posterior, podem fazer com que os filhos não tenham essa preocupação.
“Para pensar em previdência é preciso pensar no futuro. E normalmente esse valor do amanhã é aprendido em família. Pais que pensam no futuro inevitavelmente vão ensinar seus filhos a pensar assim também”, afirma Ana Gabriela, que tem doutorado em educação pela Universidade Estadual de Campinas-SP (Unicamp).
Mudando a cabeça após os filhos
Ana Gabriela lembra que um marco importante é o nascimento dos filhos. A partir dessa etapa da vida, os pais começam a ter maior preocupação com questões importantes na vida de todos nós, como o envelhecimento. Segundo a psicóloga, é preciso mudar um pouco o entendimento de previdência que vigora no senso comum no Brasil. E isso deve começar em casa.
“Ter um plano de previdência vai no contrafluxo do senso comum vigente no Brasil, um país onde não é comum pensar no futuro. Quem tem esse pensamento e contrata um plano como esse está à frente dos demais. E, nesse contexto, os pais que ensinam os filhos fazem com que eles estejam ainda mais à frente”, afirma.
Para a psicóloga, a família tem a responsabilidade de ensinar os filhos a pensar na segurança futura. E, para que isso aconteça, muitas vezes é necessário abrir mão de algumas coisas no presente. “Os pais devem mostrar aos filhos a importância de ser previdente, esquecendo o imediatismo”, conclui.