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Reforma da Previdência deixa de ser prioridade, diz ministro

“Fica difícil estabelecer um calendário. Há uma necessidade de se discutir tudo isso, mas ao mesmo tempo há uma preocupação de não atropelar a prioridade que o governo está dando a essa reforma no campo econômico, esses incentivos”, afirmou, em entrevista ao Valor PRO, serviço de tempo real do Valor.

Em meio a ações de estímulo à atividade econômica, adotadas com mais frequência no ano passado, “até a própria Previdência é levada a colaborar”, justificou, ao lembrar da medida de desoneração da folha de pagamento. Na avaliação de Garibaldi, mudanças na área previdenciária ocorrerão em um “clima de maior estabilidade econômica”, quando “houver avanços consideráveis ao longo deste ano e a indústria se recuperar.”

Além disso, novas regras na Previdência dependem de aprovação do Congresso Nacional. Ex-presidente do Senado, Garibaldi lembrou que alguns temas serão duramente debatidos pelos parlamentares nos próximos meses. O Legislativo enfrentará difíceis questões federativas, como unificação da alíquota do ICMS interestadual, o veto à partilha dos royalties do petróleo e ainda a definição de novas regras para rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), já em atraso.

Assim, debates que ganharam força em 2012, como o fim do fator previdenciário (dispositivo que calcula a aposentadoria conforme tempo de contribuição, idade do trabalhador e expectativa de vida) e regras mais rígidas para a concessão de pensões por morte, agora podem não ficar entre as prioridades do governo.

Sobre 2014, ano de eleições, as discussões de uma reforma para reduzir os gastos e aumentar as receitas da Previdência também ficam “complicadas”, admitiu o ministro: “O tempo para efetivação disso tudo [das mudanças] é um tempo econômico e ao mesmo tempo tem reflexos políticos.”

Apesar de contribuir para a melhoria das contas públicas, os dois principais itens da continuidade da reforma previdenciária, após a criação do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), não têm impacto significativo no curto prazo, já que não são retroativas.

Hoje, quem contribuiu apenas uma vez à Previdência tem direito a deixar uma pensão por morte. Já o fator previdenciário acaba punindo o trabalhador de baixa renda. Garibaldi, então, quer um sistema previdenciário que valorize mais a idade mínima para se aposentar.

Na esteira desse ambiente pouco favorável a mudanças na Previdência está a criação de um Funpresp para os Estados, ideia antecipada pelo Valor. O projeto, denominado de Prev Federação pela pasta, prevê uma entidade única para gerenciar os planos de previdência complementar dos servidores públicos estaduais que aderirem, diminuindo assim o custo de administração dos recursos.

“Os Estados estão com problemas grandes nas despesas com pessoal e grande parte já passa dos limites prudenciais estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, lembrou o secretário de Previdência Social da pasta, Leonardo Rolim.

Se por um lado, a priorização de medidas de estímulo torna a expectativa de uma reforma previdenciária mais distante, por outro, a queda dos juros, adotada pelo governo, deve levar os fundos de pensão a diversificar suas aplicações, investindo mais em infraestrutura, em linha com um dos objetivos da política econômica da presidente Dilma Rousseff.

“O governo está interessado em fazer com que se procure um caminho novo para a previdência complementar tendo em vista a redução das taxas de juros”, disse Garibaldi. Investir em infraestrutura “é uma alternativa que os fundos de pensão têm para enfrentar essa conjuntura.”

Em período de juros altos, os fundos conseguiam um bom rendimento aplicando em títulos públicos – um investimento “tranquilo e sem risco”. Mas as mudanças “fazem com que eles [fundos] se afastem desses papéis que estejam perdendo rentabilidade”, afirmou Paulo César dos Santos, diretor da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar.

Segundo ele, atualmente as entidades de previdência fechada possuem cerca de R$ 600 bilhões em ativos. Quase 60% dos investimentos estão aplicados em renda variável – o limite é de 70%. Em infraestrutura, as aplicações não chegam a 10%, lembrou Santos, enquanto que os títulos públicos representam cerca de 15%, a maioria adquirida em 2009 e 2010 com alta remuneração e que ainda não venceram.

Thiago Resende e Lucas Marchesini – De Brasília

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